segunda-feira, 11 de novembro de 2013

CONSUELA 1961 - 2013!

Foi 15 minutos antes de terminar a sexta-feira que nossa irmã nos disse ADEUS, na cidade onde morava -ITAU MG. Neste domingo fiz uma carta para minha sobrinha. Ela está transcrita abaixo. Antes uma observação: nossa irmã era tão dedicada, prática e organizada que parece ter esperado chegar o final de semana para que, quem viesse à sua despedida, não prejudicasse o seu trabalho.


 Carta a uma sobrinha enlutada.

 Domingo, 10 de novembro de 2013.

 Querida sobrinha,

 Nunca uma palavra disse tanto! Aquele ”infelizmente” sussurrado, do outro lado do fio, bastou para seu mundo desabasse e o choro incontido abafasse tudo em volta. Um simples advérbio esclareceu um ano de dúvidas. Cinco por cento de chances de sobrevivência bastam para manter a esperança – afinal sempre nos incluiremos nestes 5% possíveis e não nos 95 improváveis. 

Claro, o caso era grave, mas se existem 5% de chances - é neles que nos incluímos. A lucidez perfeita, de nossa irmã, reforçava esta convicção. Mas infelizmente aquele “infelizmente”, como um raio, tornou claro tudo que ainda restava de obscuro em sua mente e gravou a palavra morte em seu jovem coração. Precisa que haja morte para cessar definitivamente as esperanças. 

 No instante seguinte sobe uma revolta: que mundo injusto! As longas horas passadas a contemplar aquele rosto tão familiar, inerte, com a calma da eternidade, deu o tempo que você não teve até então, pra repassar as suas lembranças, reviver seus últimos meses, recordar os fatos. 

 Você pôde ouvir seu pai, ouvir sua irmã, e todas as palavras de conforto dos amigos presentes. Você não aceita ainda, ninguém aceita, mas o mundo precisa continuar, ainda que ele tenha ficado menor, muito menor, pra vocês três. 

Você vai precisar muito, querida sobrinha, da força daquele abraço único para as próximas etapas. Seja quando ver-se só, seja ao percorrer as lembranças da mãe protetora, exigente, carinhosa, chorosa e que conforta. A tristeza pode baixar, o sofrimento da perda, voltar a aflorar e o isolamento parecer ser a solução. Saber disso será sua melhor arma.

 Mas o mundo é tão bem feito, por aquele SER superior que o criou, que vai chegar um dia em que você mesma concluirá que ele precisa de você, que as pessoas precisam de você, forte, corajosa e dedicada exatamente como foi sua mãe, a minha irmã. 

Dirigindo-me a você, nesta carta, quero homenagear seu pai, meu cunhado, e sua irmã, minha sobrinha, em condições iguais. 

Vê-los juntos e tão unidos nos últimos minutos da “presença” de sua mãe entre nós, foi de cortar o coração e também de grande esperança de que vocês, unidos por essa mesma força, irão superar a perda e honrar com dignidade a memória da Consuela, minha querida irmã.

 Um beijo para as minhas sobrinhas e um abraço para o meu cunhado.

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