terça-feira, 30 de dezembro de 2008

84a. Corrida de São Silvestre - 2008


Vejam meu numero ao lado: comecei com o pé direito. Que o sol me seja clemente e que a subida da Brigadeiro me pareça uma bela descida como a chegada à Pousada Zé Lau.
Agradeço pela torcida.
Law

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Feliz 2009!

Nada melhor de que um poema do Carlos Drummond de Andrade para desejar a todos os leitores(da Familia AVILA ou não) desse Blog um excepcional 2009. Curtam as emoções nas belas letras de nosso outro ilustre mineiro.



RECEITA DE ANO ANO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Natal 2008 - Um Sucesso


Olá pessoal, aguardem pois temos muito material dos dois grandes eventos da Familia AVILA neste Natal: A Revelação de Amigo Secreto e a 1a. Corrida da Familia AVILA, no dia 26/12/2008.
AGUARDEM!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Livro do Papai - Transcrição - 3a. Parte -dez08


Livro do Papai - 3a. parte - dez08

(...continua com a criação do patrimônio de São Francisco, história dos nossos avós, bisavós e tataravós, a casa com escravos, a tal de Bernarda, e que riqueza de detalhes!etc etc...)

Meu pae nunca teve medo, viajava para todo lado, ia buscar gado em Goiás. Não carregava nem um canivete no bolso. Meu pae tocava muita lavoura, mas camarada nunca levou marmita. A comida era feita na hora. Eu também tinha o mesmo costume: camarada meu, era eu que tratava. Um dia um camarada levou marmita, eu faleu pra elle: você de tarde leva sua comida pois agora você vai comer comida com os outros, feita na hora. Eu tocava serviço lá no Buracão, mas o cozinheiro ia na frente. Quando os camaradas chegavam o café estava coado. Elles tomavam o café e iam para o serviço. Logo ia o almoço, meio dia ia o café com merenda. A tarde ia a janta. Mas elles trabalhavam até o sol entrar. Alguém reclamava nada. Quando a Nini nasceu, nós estávamos dividindo a fazenda do meu pae no Mundo Novo. Foi em 10-08- 1953. Deu muito serviço fazer as divisas e limpar o pasto. Eu morava mais no Mundo Novo de que em casa. Quando era tempo de apanhar o café, nós íamos de carro de boi par o Mundo Novo apanhar café e secar. O Antonio Martins ficava tomando conta da nossa casa, quando nós terminávamos a panha do café e a secagem, nós guardávamos no quarto da cazinha. E nós voltávamos para nossa fazendinha. Nos Rodrigues a viagem era de alegria porque todos estavam com saudades da nossa casa. A Aparecida do Antonio Martins sempre junto conosco, pagiando as crianças. Quando ella começou a trabalhar para nós, ella só tinha 12 anos. Saiu para casar. Ella era madrinha da Cleida, de representação. Quando o café era vendido, era transportado em carro de boi até a Jacutinga ou Guapé porque no Mundo Novo não tinha linha para ir caminhão.
Comprei a Fazenda do Olho d´Agua em 6 de setembro de 1952, de sociedade com o Francisco Lau. No mesmo ano comprei a parte do Mario Lau no Mundo Novo. Quando fez um ano, eu comprei a parte do Francisco. Em 23 de janeiro de 1956 comprei a fazendinha do José Vicente de Melo (José Rufino). A primeira compra que fiz do Evaristo, no Buracão foi em 28 de junho de 1956. Aluguei para o Mario Lau um ano. Quando venceu o aluguel eu comprei o resto do Buracão. Foi em 2 de dezembro de 1957. Queimei o terreno para plantar roça no fundo do pasto. No outro dia o fogo incendiou no pasto. Queimou o pasto todo. E mais um pedaço do pasto do Joãozinho Rodrigues, que estava alugado para o José Evaristo. Ele quis tratar contra “eu”. Foi tratar com o Dr. Fonseca. O Dr. Fonseca tirou elle de idéia. Elle mandou o João Lau me...ilegivel.. Do pasto por quarenta novilho um ano. Eu não concordei. Não paguei nada. Abri lavoura no pasto. Plantei muito. Na colheita colhi os mantimentos. Levei as vacas leiteiras, os porcos e soltei na palhada. Desnatava o leite e vendia o creme e dava o soro para os porcos, quando era tempo de plantar os porcos estavam gordos. Trazia para casa e vendia. Plantei o Buracão em 57 – 58 – 59 – 60 – 61 – 62 – 63 . Eu aluguei para o José Evaristo dois anos. Vendi 20 vacas paridas a quinze mil, bezerros, um touro por vinte cinco mil cruzeiros e aluguei o Buracão e o Olho d´Agua dois anos. A soma de um milhão e cinqüenta cruzeiros com juro de 1%, sem reforma. Mudei para o Guapé dia 31 de janeiro de 1960. Com muita chuva, uma enchente enorme. Coloquei os meninos na escola. O Lau repetia o terceiro ano. Estudou dois anos em Guapé. Fez o quarto ano em Guapé. Em janeiro de 1962 elle foi par ao Carmo do Rio Claro. Estudou quatro anos no Carmo. Elle foi para a França.
Quando venceu o aluguel das fazendas eu voltei a trabalhar na roça. E os meninos continuavam estudando em Guapé. A Cleida e a Cleri fizeram a quarta série. E foram para Passos. Entraram no Colegio Imaculada Conceição, o colégio das Irmãs. Os primeiros meses ellas moravam na casa do Mario Lau. Depois eu aluguei uma casinha na horta do João Lau. Retoquei a casinha e ellas moravaram lá. Ai a Elza do Zorino foi morar com ellas.

História antes do Guapé existir


Este terreno que hoje é a cidade de Guapé, até a barra do Rio Sapucaí com o Rio Grande, pertencia ao Bispado de São Paulo. Em 1723 houve uma lei de posses. O pessoal possiou e foi formando fazendas e povoados. O Capitão José Bernardes possiou muita terra. O Pontal, o Mundo Novo e até perto da Barra (Velha) e Santo Antonio. Elle morava ligado no terreno que elle deu para São Francisco. A mulher do Capitão José Bernardes chamava Isméria. Ella estava tecendo no tear de madeira e uma crioula, escrava, mexendo um tacho de sabão. A terra começou a tremer cada vez mais forte e o tacho de sabão virou no fogo entornando tudo. A Ismeria ficou apavorada e com muito medo. Assim, prometeu se não houvesse nada ella ia dar um terreno para São Francisco e fazer uma capela para a imagem. O tremor foi aplacando até que acabou de tudo. Mas veio uma chuva enorme. As enxurradas desciam pela estrada do Pontal. Devia ser o morro do Guapé, onde a gente passava. Assim diziam os livros antigos, porque tudo que escrevi não é tirado da cabeça, é tirado dos livros antigos. Felisberto Arruda deu mais um pedaço de terra para inteirar o patrimônio. E mediram o terreno e fizeram uma demarcação. Eram mais ou menos dez alqueires. Fizeram a capela, colocaram a imagem de S. Francisco. O padre vinha de Nossa Senhora das Dores, celebrava a missa de vez em quando. Foi formando o povoado. Até parecer arraial. Este arraial passou a pertencer a Nossa Senhora das Dores de Boa Esperança. Nas águas do ribeirão tinha muito daquela planta que se chamava aguapé. Então puseram o nome do Arraial de Aguapé do rio Grande. Tudo que escrevi é tirado do livro antigo do meu avô.

Chegada dos Ávila em Guapé

Naquela época elle (meu bisavô) saiu da Espanha, em quatro irmãos, para o Brasil. Um chamava José Rodrigues de Ávila. Elle ficou trabalhando na fazenda. Os outros três não sei o nome delles. Elles se espalharam pelo Brasil, foram para o lado de Belo Horizonte, um para o Nordeste. Toda pessoa que tem sobrenome Avila no Brasil é descendente destes quatro homens. Este José Rodrigues de Ávila(meu bisavô) vivia trabalhando nas fazendas. O Capitão José Bernardes não tinha família, só tinha uma filha adotiva que se chamava Conceição. Naquele tempo não usava namorar. Arrumaram o José Rodrigues de Ávila para casar com essa moça, Conceição. O Capitão José Bernardes dotou ella com muita fazenda no Pontal, até perto da Barra, Santo Antonio e Mundo Novo. Elle fez uma casa perto do Santo Antonio. Lá se chamava Campo do Meio. É onde morava o Augusto Lau. Esta casa era grande e era de chão, esteio de pau e parede de dezoito palmos de altura. Lá tinha quartos para fechar os escravos. Era barreada com barro e ripa de palmito. Madeira toda de qualidade. O Augusto Lau morou nela. Eu conheci esta casa. O José Rodrigues de Ávila criou a família nesta casa. Tinha muitos filhos. O Augusto Lau era meu irmão parte de pai. Era bisneto do José Rodrigues de Ávila. O Augusto Lau guardava milho no quarto que era de escravos. Um outro quarto virou chiqueiro de porcos. Nas paredes tinham aquelas cabaças de Apiaí(abelha brava). Havia também um oratório de cedro muito bem feito. Cabia uma pessoa em pé dentro delle. Tinha prateleiras para pôr os santos. Tinha um mijolo perto da porta da cozinha e mais embaixo o moinho. Havia muita fruteira(jabuticabeira) na horta.
Na família do José Rodrigues de Ávila só havia uma filha mulher, que se chamava Bernarda. Esta eu conheci já caducando. O meu avô se chamava Francisco Rodrigues de Ávila. Os outros filhos se chamavam Filiciço (Felissicimo ?), pai da família dos “Ciços”. O outro se chamava Alberto, era pai da Tiluca do José Baio. Outro se chamava Aleixo, pai da Batista do Varistão, elles eram primos (avós da mamãe) O outro se chamava João Rodrigues e era solteiro e morava junto com o Aleixo.
O Aleixo vinha trazendo um carro de milho do Mundo Novo e estava em pé no cabeçalho do carro. Descendo a Capoeira Comprida caiu na frente da roda do carro e morreu na hora. O candieiro pôs elle em cima do carro de milho e chegou em casa com elle morto. A mulher delle se chamava Dutra, a mãe da Batista. Passado um tempo a Dutra casou-se com o João Rodrigues. Elles criaram umas filhas. Elles eram cunhados de um outro filho do José Rodrigues que se chamava Manoel. Foi o primeiro sogro do meu pae. O outro filho do José Rodrigues se chamava Ozéia e era bisavô da família do mudinho do campo de aviação.
O José Rodrigues não deixava os filhos saírem de casa nem aos domingos. Lá na Cava, onde morava os Braga tinha um fazendeiro antes dos Braga. Havia uma tropa para amançar. Elle arrumou um peão para amançar a tropa. O peão montava no burro e caia, montava e caía. Falou para o fazendeiro: lá no Jose Rodrigues tem um moço que podia amançar estes burros. Ele mandou o camarada lá. Este peão era o nosso avô Francisco Rodrigues de Ávila. Elle falou para o camarada: se o velho for pra Guapé eu vou lá montar nos burros. O velho foi pra Guapé e elle foi chegando. Lá veio a tropa para o curral. Elle pegou o mais bravo, arreou e montou. O burro começou a saltar. Virou peão. Continuou vindo todos os domingos até amançar toda a tropa.

Bernarda e Chico Gordo

O José Rodrigues era muito importante em Guapé. Elle tinha uma filha que se chamava Bernarda. Ella casou-se com o Chico Gordo, homem importante e bravo. Tinha umas festas no arraial, novena da coroação de Nossa Senhora. No fim da reza tinha leilão. No primeiro dia corou a filha. Chico Gordo não soltou foguete. Elle falou: a festa vai ser de economia, não tem fogos. No outro dia corou a filha de outro homem. Tinha um carro de milho perto da porta da Igreja para ser leiloado. Na hora da coroação soltaram foguetes Quando o foguete subiu o Chico Gordo, foi no carro de milho tirou um fueiro, e disse: quero ver quem vai soltar mais foguete. A festa vai acabar hoje. E acabou a festa. Ninguém falou mais nada.
Elle plantou um abacaxizal perto da estrada que ia para a Jacutinga. O pessoal estava roubando abacaxis. Um dia elle chamou um camarada, que era preto, se chamava Tobias e era compradre delle. Levava um laço...ilegivel..O Vitor Emerenciano e o Joaquim, pae do Antonio Martins estava indo embora. O Vitor Emerenciano chamou o Joaquim Martins: vamos apanhar abacaxis e o Joaquim Martins disse: não eu te espero lá na frente, se tiver muitos, você leva um pra mim. O Vitor Emerenciano foi, entrou no abacaxizal e foi apanhando, deixando as mudas para fora para voltar e apanhar. Voltou foi tirando as mudas e foi parar nos pés do Chico Gordo. Elle saiu da moita e apontou a espingarda pra elle e falou: amarra elle compadre Tobias. O homem tremia de medo de morrer. Não fez nada. O Tobias amarrou elle no rabo da mula. Puxa compadre Tobias. Atrelaram os abacaxis com as mudas todas. Pôs nas costas (cacunda) delle. E o Chico Gordo disse: puxa compadre Tobias. Elle tem que levar os abacaxis lá em Guapé. Ia saindo e encontraram o Joaquim Bernardes, pae do Manoel Bernardes e do Lindolfo. Elle com sua mulher, que se chamava Guilhermina. O Joaquim Bernardes pediu para o Chico soltá-lo. O Chico disse: não, puxa compadre Tobias. A mulher pediu: solta elle...ilegivel. O Chico Gordo disse: solta Tobias..ilegivel.. Elle obedeceu o pedido da mulher. Não obedeceu o pedido do marido. Elles tiraram as mudas de abacaxi e levaram os abacaxis para casa. Meu pae contava que as mudas de abacaxi ficaram muito tempo na estrada. Este Chico Gordo, casado com a Bernarda, filha de José Rodrigues de Ávila era sogro do Tio Mizael.
Esta mulher eu conheci ella quando moramos com o Jucão, pae do Lazinho Ávila.
...........continua..........

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Livro do Papai - Transcrição - 2a. Parte -dez08

Continuação da Saga ...Fatos pitorescos, atos de coragem, brigas de irmãos, histórias de pessoas conhecidas...heróis de outrora...naquela época também se vivia perigosamente!!! Conservei algumas palavras cuja grafia era correta na época (elle, della, pae etc).
O primeiro Filho ...
Lá onde o Lau nasceu em um de junho de 1949. No mesmo dia eu fui avisar o Antonio Evaristo, elles estavam incomodados. “Você vai com o Zé Lau, elle disse (para a vovó Raquel), tem que deixar o Tonho, mas elle resolveu ir. Tinha no curral uns 20 animais, mas não tinha um que servisse para ir. Eu falei: meu cavalo é manso, pode ir nelle. Me deram uma égua pra eu ir. Pensei: esta mulher vai ficar lá em casa uns 15 dias. Mas não, ela chegou a tarde, pousou, no outro dia ella fez o almoço e me falou, agora você me leva em casa, o Tonho ficou sozinho. Eu fui levar ella, minha mãe e a Oscarina Aguiar ficaram com a Aparecida. Minha mãe ficou com ella até ella poder trabalhar. Eu sempre trabalhava. No dia dezesseis de novembro do mesmo ano eu mudei para minha fazendinha. No carro de boi, subia a serra do Retiro. Aparecida a cavalo carregando o Lau na cabeça do arreio. Chegando lá o Antonio Martins estava morando na casa. Mandei ele mudar para a casa de despejo. Quando fez três dias que nós tínhamos mudado, chegou meu pai: foi ver se nós estávamos cobrindo ele(o Lau) direitinho. Elle ficou alguns dias, me ajudou a fazer uma cerca de arame no pastinho dos bezerros. Elle já estava com oitenta e nove anos, dois meses e vinte oito dias. Fui fazer a casa do Antonio Martins. Elle mudou pra casa delle e tomava conta das vacas. Tirava leite, os meninos delle pousavam lá em casa. Eu voltei a trabalhar no Mundo Novo, cuidava dos cafés, quando em janeiro de 1950 meu pai ficou doente. Chamou o Dr. Coelho em Guapé. Foi ele e Chiquinho Ávila, farmacêutico, foi de cavalo. Não tinha linha e a estrada era ruim. O Dr. Coelho falou: tem que levar pra Guapé. Amarrados dois paus na caminha e levaram ele carregado por 4 pessoas. Nó saímos com elle domingo de madrugada. Não precisou chamar ninguém: o pessoal, quase todo o Mundo Novo acompanhou elle. Foi o último favor que elle recebeu do Mundo Novo. Nós agradecemos. Foi o Dr. Coelho, o Chiquinho encontrar com elle. Se encontraram no Angola, perto da Jacutinga. Aplicou uma injeção nelle e acompanhou também. Continuou examinando ele. Minha mãe seguiu a pé, muito incomodada com medo delee não agüentar até o Guapé. Ao chegar em Guapé teve uma melhora.
A Morte de Wenceslau Avelino de Ávila ( vovô) (1860 – +1950)
Na semana seguinte ele falou que queria fazer a doação para nós e pediu para a gente tomar as providencias. Entregamos para o Dr. Fonseca fazer os papeis; tudo muito enrolado. A segunda família não tinha quase nada, era tudo da 1ª. família. O Dr. Fonseca deu a idéia: vocês compram as partes, tudo da 1ª. família. Já tinha morrido duas filhas, Maria Bárbara e Olímpia. Aí compramos as partes da 1ª. família. Pagamos 15 contos para cada parte. Os que tinham morrido, tiveram divididos os 15 contos com a família. A parte da Julieta foi paga por 30 contos porque ela tinha a parte do meu pai e da minha mãe. Meu pai..(ilegível)..mas o Dr. Fonseca apressou a escritura. Na passagem da noite do dezesseis para o dezessete o Dr. Fonseca sentou-se de um lado da mesa, ditou a escritura e o escrivão foi anotando. O Itamar passou a escritura das compras que nos tínhamos feito. Meu pai assinou a escritura as duas da madrugada, “lumiou” com a lanterna para ele poder assinar. Os que tinha (bens) assinaram a venda para que tudo fosse terminado de madrugada. Quando foi as duas horas da tarde meu pai morreu. Foi no dia dezessete de março de 1950. Minha mãe voltou pra casa della e nós ficamos juntos com ella. Eu continuei trabalhando nas minhas lavouras no Mundo Novo. Só ia em casa nos sábados e voltava segunda feira. Quando a Cleida nasceu eu estava no Mundo Novo arando terra. Deixei a Maria Muda lá em casa. Mandaram o Antonio Martins me chamar. Eu vim, cheguei e a comadre Zica estava dando o chá de canela para ella. Só fiquei em casa uma semana e voltei para trabalhar. Eu arava muito com arado de boi. Plantava muito. A Cleida nasceu em 10 de outubro de 1950. Quando a Cleri nasceu eu estava em casa. Busquei a Maria Muda no Mato das Antas, na fazenda do Geraldo Mizael em 1952, janeiro.
O Trabalho Duro nos Cafezais
Minha mãe trabalhava muito. Socava arroz na mão...a mão de pilão até limpar o arroz para tratar de camarada. Meu pai tinha muito camarada. Iam da Jacutinga e de outros lugares, pousavam, ficavam em casa a semana inteira. Meu pae tratava bem, dava tira-jejum, ia almoço no serviço e janta também. De noite tinha merenda, quando não tinha quitanda dava leite fervido com doce. Quando era tempo de panha de café, minha mãe ia para o cafezal. Os crioulos dos Olhos d´Agua e outros ficavam em um ranchinho. A parede era de pau raxado. Nos sábados ia ella e uma camarada lavar a roupa e arrumar mantimentos para a semana seguinte. Meu pae puxava o café no sábado e eu ficava com elle em casa. Em dez de agosto de mil novecentos e cinqüenta e trez nasceu a Nini. Eu estava em casa. Em maio de mil novecentos e cinqüenta e cinco nasceu o Warlei. Com um ano e seis meses elle morreu. Em mil novecentos e cinqüenta e seis nasceu o Nero. Em dezembro. Em fevereiro de mil novecentos e cinqüenta e sete morreu minha mãe (no dia dois). Eu fui criado no lugar mais isolado do município de Guapé, o Mundo Novo. Quando morria gente lá, chamavam o carapina para fazer o caixão, as costureiras para fazer as roupas. Adulto enterrava com roupa preta. Quase ninguém tinha roupa suficiente. Iam em Guapé buscar. Elles falavam buscar mortalha. Trazia os enfeites para o caixão, enfeitavam com taxinhas douradas. No caixão pegava um na frente e outra atrás. No caminho elles trocavam, cada um carregava um pouco. Trazia para Guapé porque não tinha cemitério. Tinha gente que inchava os ombros. Tinha uns mais sabidos que falavam para o defunto...nós vamos te cortar na faca, tem dó de seus irmãos...
Cenas do Mundo Novo
Lá no Mundo Novo quando uma pessoa calçava (colocar sapatos) eles perguntavam: está tomando remédio? Ninguém usava calçados. Nem homem nem mulher. Fizeram uma igreja nova e meu pae deu toda a madeira: travamento, caibro, ripa, portal. O piso era de cimento. A igreja pronta, o Padre João pediu ao meu pae um cruzeiro para fincar perto da porta da Igreja. Meu pae estava desanimado. Eu e o João Lau fizemos o cruzeiro fincamos perto da porta da igreja, onde o padre tinha mandado. Nos sábados e domingos tinha reza na igreja e o pessoal se reunia em movimento. Um dia duas mulheres pegaram de briga. A Miquelina e a Maria Muda. A Miquelina rasgou toda a roupa da Maria Muda. Foi preciso enrolar uma coberta nela para ella ir embora.

A Pitoresca Família do Manuel Bernardes
Lá no Mundo Novo nem os irmãos não combinavam uns com os outros. O Lindolfo com o Manuel Bernardes compraram umas terras em comum. Dividiram e a divisa passava em um pau de jatobá, que tinha na beira do rio. Este pau era grosso, se serrasse elle daria muita madeira. O Lindolfo queria pregar o arame do lado do Manuel Bernardes. Para ficar sendo o dono do pau, o Manuel Bernardes queria o mesmo. Brigaram e mandaram chamar o José Bernardes na Pedra Branca. Era o irmão mais velho. Elle veio e disse: o pau pertence aos dois, chama um carapina, passa quatro buracos no pau e passa o arame. Assim fizeram e fez a divisa. No Mundo Novo não tinha vendas. Os fazendeiros é que forneciam alimentos aos pobres e elles pagavam com serviço. Iluminava as casas com lamparina de querosene. Elles não conheciam o que era luz elétrica. Um dia tinha um camarada com um filho doente e não tinha querosene para iluminar a noite. Foi na casa do Manuel Bernardes comprar meia garrafa de querosene. O Manuel Bernardes disse: eu não tenho querosene para vender, só se você me der tres dias e meio de serviço para pagar o querosene. O camarada disse está caro mas preciso e levou. Trabalhou os treis dias e meio para pagar o querosene. Este camarada chamava José Luiz. O Manuel Bernardes criou uma família grande lá no Mundo Novo. A mulher delle Maria Vitória começou a engordar muito e os cavalos não estavam agüentando ella e aí elle comprou uma mula. Um dia a mula caiu com ella. Ella se machucou muito. O Manuel Bernardes falou: ella não vai mais em Guapé a cavalo. O dia della ir vai de carro de boi. Elles iam toda primeira sexta feira do mez. Assim fez. Pôs a mulher no carro de boi. O carreiro chamava Miguel Felipe e era preto. Na descida do morro do Guapé, elle tombou o carro, uma caixa rolou em cima della e machucou ella muito. O Manuel Bernardes disse: vou mudar pra Guapé. Aí comprou uma casa em Guapé, perto da conferência. Esta casa, a privada della era na horta. Tinha um buraco e um caixote por cima para a pessoa se sentar. E a mulher muito pesada, o caixote quebrou e ella caiu dentro do buraco e ella atolou até o pescoço. O Manuel Bernardes saiu na rua procurando gente para tirar ella. Precisou de cinco homens para tirar. Os pescadores pediam ella pra rançar minhoca em um brejo que ella tinha no fundo da horta. Ella cobrava.
A Historia dramática do Porto que não aconteceu
Meu pai sofria muito no Mundo Novo, quando nós éramos todos pequenos. Uma família dos Modestos tentava fazer um porto no fundo da horta de meu pae. Elle enfrentou. Esta família era grande. O velho chamava Joaquim Modesto e a mulher Candinha. Este pessoal reunia no barranco do rio para atravessar. Minha mãe pegava um pau, o tio Artur também, este era irmão da minha mãe. Elle era cego de um olho. Elle pegava outro pau e ia para a beira do rio enfrentar o pessoal. Meu tio Gustavo pode vir. E elles recuavam. Elles xingavam mas iam embora. Depois voltavam do mesmo jeito. E meu pae nesta luta. O tio Mizael mandou levar uma carabina com muita bala para o meu pae. O tio Evaristo era contra. Um dia um vizinho delles soube que elles vinham dar ronda na casa do meu pae, à noite. Elle veio avisar meu pae (minha mãe que contava). Meu pae e o tio Artur foram pousar no paiol. Com a carabina no colo um dormia e o outro ficava acordado. Se elles rodeassem a casa mandavam bala. Minha mãe lá dentro de casa com todos nós pequenos. A casa tinha buraco na parede, minha mãe tapava com pano. Elles pousaram muitas noites mas elles não vieram. Elles... A comissão de Guapé com o tio Evaristo, junto com o Nico Silva, o Cassiano do Milico e o Estandear(sic). Elles eram três. A comissão deu para fazer o porto. Elles começaram a dar palpites, que fariam a estrada por um lado, pelo outro lado. Meu pae falou: esta estrada passa no rabo de vocês! Eu não deixo fazer porto no fundo da minha horta.
A Mudança para Pihumy
Foi em Pyhumi arrumar um advogado. Elle falou para meu pae: eu garanto a causa. O senhor sai de lá um ano e se elles invadirem eu processo elles. Meu pai contou para o tio Frederico. Elle falou: cumpadre Lau, nós trocamos as casas. Nós vamos morar na sua casa e vocês vem morar na nossa, aqui na cidade. Meu pae concordou. Nós fazemos a mudança só de roupa, a nossa e a de vocês também. Meu pae com o tio Frederico combinavam muito. Quando minha mãe não esperava, chegou a mudança com a família do tio Frederico. A tia Maria chegou brincando com minha mãe. Assim ella contava. Arrumou a mudança, de noite fez a quitanda. A mudança veio carregada no animal. O mesmo animal levou a nossa mudança. Moramos com as casas trocadas um ano. Isto foi em 1920, porque o Mario nasceu em Pihumy, em fevereiro de 1920, quando morava lá. A casa do tio tinha uma escada alta, eu me lembrava. Minha mãe dava umas garruchinhas de rebentar espuleta de papel. Eu sentava na porta com a garruchinha e ella perguntava o que eu estava fazendo, eu falava: eu quero matar os soldados. Quando venceu um ano nós voltamos para a nossa casa. O pessoal já tinha “dizinerado” do porto. Já estava vendendo as fazendas delles para comprar outras fazendas em Goiás. Compraram muito animal, levaram a mudança nos cargueiros. Fizeram jacá de taquara. Cada cavalo levava dois jacás. Cada jacá duas crianças. Levaram dois camaradas, o José Lourindo e o Manuel Pinto ...ilegivel..Levavam mais de um mês viajando. Nos dias de sábados elles falhavam para lavar a roupa. Compraram muita fazenda em Goiaz, mas esta família foi derrotada(sic?). Negócio de porco na roça mataram o velho Joaquim Modesto e a mulher Candinha tomou um tiro no braço, quebrou e foi preciso cortar. O filho delle, José mataram no caminho da roça. O João Candinho, deram um tiro no olho delle dentro de casa, pelo buraco da parede ....continua....dez08

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Papai - 8 anos de sua morte, neste 6.12.2008


((se quiser enquanto lê o texto ouça a música no final))
Com seu velho paletó, ele ia,
Fosse com calor ou uma manhã fria,
À sua missa aos domingos.

Nos últimos tempos, as partidas
Eram sempre emotivas, pois
Entre uma benção e um abraço
Aqueles olhos claros marejavam.

Nas chegadas nunca estava,
Mas como era bom vê-lo aparecer
Ou da rua ou do quarto,
Com aquele sorriso farto.

Quantas vezes esperamos,
Quantas vezes a fome ardia,
E o nosso patriarca, não aparecia.

Crescemos em cidades, distantes,
Ganhamos dinheiro, ganhamos amigos,
Mas ao voltar às origens,
Nos curvávamos muito humildes.

A sua força parecia invencível,
Impensável alguém que o contestasse,
Quando isto aconteceu,
Ele venceu.

Honesto e íntegro, nunca falhou
Com aqueles que o honravam,
Sempre foi justo.

Parecia uma fortaleza, mesmo
Quando os anos chegaram,
Era difícil imaginar, que fosse,
Mais fraco do que nós.

A lucidez era tamanha,
Que tínhamos dúvidas, daquilo,
Que afirmávamos, em nossas Ignorâncias “urbanoides”.

Ao seu lado, nossa segurança
Era total, absoluta, como era forte,
Quantos trancos, quantos sustos!
Nunca teve medo nem dúvidas.

Que alegria ouvir, nos detalhes
Suas histórias, suas vivências
Tão ricas e tão pródigas,
Em cores, em sabor e ocorrências.

Um dia a nossa fortaleza, balançou
Nada de Alzehimer e nada de Parkinson
84 anos - uma suculenta feijoada,
Foi o que realmente o parou

Não sei se foi bom ou se foi ruim,
De repente, muito rápido nos faltou,
Mas heróis nunca morrem,
Passam para uma outra dimensão!

Oito anos já se foram, mas
Parece tão presente, tão intenso
Na simples lembrança,
Dos seus firmes argumentos.

Porque não poder ter para sempre,
Hoje ainda órfãos, nos faz falta,
O líder, poderoso e autoritário,
Ainda dói muito a sua falta.

O vazio enorme continua, aquele
Lugar à mesa, que ninguém
Ocupou, é seu papai!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mamãe

Em seu jeito simples de ser

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Novidades na FAMILIA AVILA

Para uma familia nada pode ser mais importante de que a chegada de mais um ou uma: garantia da continuidade da espécie e sustentabilidade da FAMILIA AVILA. Para ir se acostumando com o clima, principalmente os futuros pais, anexo um vídeo. Nem vai precisar de contratar uma bábá. Antes de clicar no link, aumente bastante o som de seu PC. Parabéns ao casal. Abçs Law

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Livro do Papai - Transcrição - Primeiras Páginas


LIVRO DO PAPAI

Escrito provavelmente no início de 2000

Começo da minha Vida

Eu nasci em Guapé na casa da minha vó, quando o relógio da matriz tocava para a missa do dia, doze e meia. Foi a hora que vim nascer no mundo. Em 1.1.1916. Naquele tempo as mulheres, quando ganhavam neném, guardavam um resguardo. Me levaram para a roça quando tinha seis meses. Sofri sarampo, enfraqueci muito com muito remédio. Tinha de tomar leite. Minha mãe me deixou no colo do João Lau, no rabo do fogão e foi tirar leite para me dar remédio. Quando ouviu um choro, veio correndo. Eu estava debruçado nas brasas. Meu pai veio, deu uns tapas no João Lau. Minha mãe tratava de queimadura com óleo de linhaça. Quando o cascão da ferida estava arrebitando minha mãe não teve coragem de fazer a limpeza e pensava que meu olho estava ferido. Chegou uma vizinha, pôs água na bacia e pediu a mulher que lavasse a minha cabeça, tirou o cascão quando o olho apareceu perfeitinho. Minha mãe cuidou de cumprir a promessa que ela fez. Vivendo na roça minha mãe sempre nos levava à Semana Santa em Guapé, no Congo e no Moçambique. Quando eu tinha 6 anos sofri uma febre, eu e o João Lau. Minha mãe mandava buscar o pai dela. Ele tratava de medicina. Ele mandou apanhar uma lata de água no rego, pôs na bacia e banhou nós dois. Minha mãe quase ficou doida, tirando da bacia e pondo na cama. Pôs bastante cobertor, nos molhando a roupa duas vezes. A febre acabou de uma vez.

A Primeira Escola

Quando eu tinha oito anos, meu pai me pôs na escola no Grupo de Capitólio, eu e o João Lau, por um ano. José Honorato e a Cassiana brigavam muito. Um dia meu pai chegou e uma vizinha disse pra ele tirar a gente de lá. Fui estudar em casa com minha mãe e a Guiomar. Minha mãe foi em Guapé, arrumou um professor velho. Chamava Vitoriano. A escola era na casinha da desnatadeira. Ele passava deitado no banco. Um dia ele mandou eu tirar um bicho nele, eu contei pra minha mãe. Ela não falou nada, no outro dia bem cedo, minha mãe falou para um camarada: vai em Guapé levar o Vitoriano. Ela falou para o Vitoriano: um camarada vai te levar em Guapé, arrumei o senhor para dar aula e não para os meninos tirarem bicho no senhor. A escola continuou em casa. Quanto eu tinha dez anos eu sofri febre outra vez. Foi buscar um médico em Capitólio. Pedro, pai do João Pretinho é quem foi buscar. Foi a primeira vez que tomei injeção. Quando eu tinha dezesseis anos meu pai foi em Capitolio, encontrou um homem paulista, que estava escondendo da revolução. Meu pai contratou ele para dar aula pra nós. Eu o Mário, o Francisco, o Antônio e a Mariinha, a caçula. Demorou uns dias começam as aulas. Quando começou só deu aula um mês. Nós estudávamos o dia inteiro. De noite ele ensinava-nos a rezar. Ele falava que quando ele fosse embora eu continuava as aulas. Vencendo um mês, meu pai pagou ele quarenta mil reis. Ele falou que ia em Guapé comprar uns livros, meu pai ofereceu dinheiro adiantado, ofereceu animal e ele não aceitou nada. Ele saiu de madrugada para o outro lado. Viram ele subindo a serra do retiro do José Evaristo, nunca mais nós vimos o homem.



O Primeiro Casamento

Quando eu tinha vinte um anos e meio eu casei com a Luzia, dia 24 de junho na igreja e no civil dia 29 de junho de 1938. Dia 16 de abril nasceu o menino. Fiz uma casinha de esteio e depois parede de pau a pique e assoalho. Mudei pra ela dia 30 de julho de 1939. Morei nela agosto, setembro. Quinze de outubro a Luzia ficou doente, mandei buscar um médico em Guapé, Dr. Coelho. Ele falou, tem que levar ela pra Guapé. Meus irmãos arrumaram o carro de boi, eu não saia da beira da cama dela. Nos saímos a meia noite, quando o dia estava amanhecendo eu estava chegando em Guapé. Nos chamamos a mãe dela, que morava em uma fazenda em Boa Esperança. Dia dezessete, à meia noite a mãe dela chegou. Uma hora do dia dezoito ela morreu. Ela completou dezessete anos no dia dois de outubro. Pensei que nunca mais tinha “caminho para mim viver mas Deus nunca esqueceu de mim. Mim deu outra pra mim viver”....feliz minha mãe pegou o menino para criar, eu continuei morando sozinho, trabalhando muito. Em quarenta e dois casou o Mario, meu irmão. Eu vendi a casa pra ele e voltei a morar na casa do meu pai. Eu, o Francisco e o Antonio tocávamos toda a lavoura de sociedade. Em quarenta e quatro eu fui com a comitiva do “beja” buscar uma boiada em Pihumy que vinha de Araçatuba, mil bois. A boiada não tinha chegado, eu fui para a casa do tio Frederico. Pousei e amanhecei com uma febre enorme. Meu tio chamou o médico, o Dr. Osvaldo. Ele falou que era febre paratifo. Não vi rumo da boiada, nem de boiadeiro. Meu primo Vico levou o burro para o pasto dele, fiquei três dias de cama. Chovia muito e um dia minha tia “aninha” me tratou como se fosse filho dela. Ela me tratava de zézé da comadre. Quando me levantei naquela magreza minhas primas riam de mim, do jeito de andar. Chegou o Marcilio Abreu com um acarta do Chiquinho Ávila, farmacêutico falando pra eu vir embora com o Marcilio. Eu tinha no bolso uma nota d equinhentos reis, eu falei com meu tio, o senhor me da cinqüenta reis pra eu levar e o senhor fica com os 500 reis para acertar o médico e a farmácia, quando eu mandar buscar meu burro eu mando mais dinheiro. Saí com o Marcilio num fordezinho de mola de aço. Chegando em Capitolio com uma tempestade o Marcilio me agasalhou pra eu não molhar e pousamos na pensão. De manhã nós saímos naquela estrada ruim. Dobrando o alto da Batalha avistei o Rio Grande. Estava muito cheio. Cheguei em Guapé na casa do João Lau, meu irmão. Ele também tinha sofrido a paratifo. Fiquei oito dias na casa dele e depois fui para a roça. Isto foi em janeiro de 1944, em maio de 1945 eu comecei a sofrer da vista.

Viagem para Campinas

Fui para Campinas. Fui a pé até a Barra Velha, tomei um caminhão que levava creme pra Passos. Cheguei duas horas da madrugada e fui direto pra estação, tomar o trem às três horas. Cheguei em Campinas as cinco horas da tarde. Quando sai da estação aquela porca de agenciador gritando mas eu não liguei. Chamei meu maleiro e mostrei o cartão d apensão mineira. Ele pegou minha mala, colocou na cacunda e saiu depressa e nem olhava pra traz e eu com medo de perder ele. Chegou na porta da pensão, ele desceu a mala e me mostrou a placa. Perguntei quanto era: treis mil reis. Pensão Mineira na Andrade Neves. No outro dia o agenciador me levou no médico Dr. Ataliba Camargo. Ele falou que era inflamação no nervo do olho. O nervo ia secar, acabava a dor mas acabava a vista. Fiquei tratando durante dois meses.
Em maio de 1945 comprei a Fazenda Dourados em sociedade com o Lindolfo. Ele “ mas “quiabou” mas eu agüentei o negocio sozinho. Coloquei outros sócios, Antonio Soares, José Antonio mas me desgostei. Eu tinha comprado uma invernadinha e fiquei na beira do rio. Setenta e três alqueires eram muito pra mim. Dei sociedade para o Domingo Evaristo, meu cunhado. Fiz a divisa com cerca de 4 fios de arame, com mourões de amoreira. Arei com arado de boi. Plantei milho, feijão, arroz. Quando estava perto de colher eu troquei com o Domingo pela fazendinha dele. Ele me voltou dezessete contos. Esta permuta foi feita em 11 de maio de 1946. Fiz um crioulo morar na fazendinha, o nome dele era João Bertolino.

Morte do Juquinha

Na noite de nove para dez de agosto meu menino ficou doente. De manhã cedo eu e minha mãe saímos com ele par ao Guapé. Chegando na casa do José Garcia, mandei chamar o médico, Dr. Coelho e ele veio examinar o menino e disse que era tétano. Em Guapé não tinha antitetânica, mandei o Antonio Martins buscar em Capitolio de cavalo. Viajou a noite inteira, chegou cedo com o remédio mas não adiantou nada. No mesmo dia ele morreu, dia dez de agosto de 1946, com sete anos e vinte quatro dias.

Trabalho em São Paulo

Entreguei a fazendinha para o crioulo olhar dia vinte e seis de agosto e saí num caminhão que levava creme para o Carmo, em cima das latas. Pousei no hotel do José Matilde e quatro horas da madrugada eu sai no ônibus. Pegar o trem de ferro em Guaxupé, trem que sai de Muzambinho. No trem eu encontrei um conhecido, Vovô do Viana, (ilegível). Chegamos em Cruzeiro dez horas da noite.Pousamos, no outro dia cedo pegamos o ônibus para Guará e em Guará pegamos o bonde elétrico até Aparecida. Fiquei 4 dias. Dia 31 de agosto eu fui para São Paulo. Saí as duas horas da tarde. Fui na Central. Cheguei as sete horas da noite na estação do Norte, hoje estação do Brás.Pousei e no outro dia fui para São Miguel Paulista. Procurei quarto, pousei, no outro dia dois de setembro em me apresentei no escritório da Nitroquimica. Passei em todos os exames e depois do meio dia eu trabalhei na companhia. Trabalhei o mês inteiro, tinha cinco por cento de bonificação. Mas eu só tirei o mês de outubro. Eu andava muito. Fui para Santos, nadei na Praia do Gonzaga. Meu companheiro, José Ambrozinho. Eu trabalhava como pintor mestre reformando a casa dos chefes. Eu já era pintor. Em janeiro me mandaram para Mogi das Cruzes pintar a Fazenda Rodeio. Eu gostei muito, lá tinha vaca de leite, o administrador me perguntou se eu tinha medo de pousar sozinho, falei que não mas ia pousar com os camaradas no barracão. Pôs minha cama numa casinha toda confortável perto da casa grande que eu ira reformar, a casa onde os chefes iam descansar. A chave da casa grande ficava comigo. Eu pagava pensão na casa de dois velhos. Pagava dez mil reis. A companhia descontava cinco na minha conta, preço do restaurante. Outros cinco a companhia pagava. Lá eu consegui uma licença para ir ao Rio, o Zé Brinquinho estava lá no Regimento Sampaio. Fui em Niterói conhecer, antes de fazer a ponte. Isto foi em janeiro de 1947. Junto comigo andava um crioulo aqui de Guapé Chamava Nei. Voltando para São Paulo continuei trabalhando na fazenda Rodeio e terminamos a casa grande e fui reformar a casa do administrador. Ele se chamava Raimundo e a mulher Aparecida. A primeira vez que telefonei naqueles telefones de canudo na parede. Fiquei dois meses na fazenda Rodeio. Terminamos e voltei para São Miguel Paulista em março marquei contas, eu ia para o Rio Grande do Sul.....(ilegível) falei para meu companheiro, eu não vou mas vou em Guapé, despedir do meu pai e minha mãe porque eu se for lá á capaz de eu não voltar. Minha mãe fez novena pra São José.

A Volta pra casa

Vim embora, saí de São Paulo, posei em Passos, peguei um caminhão que vinha buscar creme em Guapé. Quebrou no caminho. Posei em Alpinopolis. Sai de Alpinopolis dia 18 de março, pousei na Vargem do Mizael e cheguei na minha fazendinha. Tinha um cavalo de meu pai na horta, fui no Bastião Evaristo, pedi um arreio emprestado e subi a serra. Cheguei no Zé Adelino com uma chuva enorme. O córrego encheu, tive que pousar e no outro dia saí e cheguei na casa do Mario. Ele falou eu vou com você, quando a minha mãe estava fazendo o almoço eu cheguei. Era dia de São José. Todos ficaram muito satisfeitos com a minha chegada. Meu pai saiu contado para os vizinhos que eu tinha chegado. Logo pegou a chegar gente de fora pra me ver. Naquele tempo ninguém viajava, quando saia um era uma novidade. Meu pai não queria que eu trabalhasse. Era só para administrar mas eu peguei firme, comecei a vida de novo. Comprei um cavalo e logo troquei em uma mula. Na casa do meu pai trabalhava doze horas por dia e nós também. No corte de cana pra fazer rapadura. Nós levantávamos as duas da manhã e trabalhava até tarde. O dia de trazer rapadura em Guapé saía muito de madrugada e esperava s vendas abrirempara entregar a rapadura. Na época d alimpa de pasto sempre chovia muito, mas nós não escondíamos da chuva. Tinha uns camaradas que agüentavam, outros iam embora. Na fazenda de meu pai fazia rapadura, fazia polvilho, tirava leite, desnatava e vendia oi creme e o soro engordava porco, que era vendido em Guapé. Levava no carro de boi. Gastava seis horas de viagem, tinha três léguas. Tinha que ir de madrugada senão o sol esquentava muito e os porcos morriam. Nós íamos em Guape a cavalo. Se chegava mais tarde um pouco meu pai perguntava se a missa estava mais comprida.

O Casamento com a mamãe

Um dia eu fui em Guapé, um domingo e encontrei a Aparecida. Ela ia casar mas conversamos..(ilegível) ...mais agradável...Ela falou que sim...que se ela casava comigo. Eu perguntei se podia pedir em casamento, ela disse que podia, eu perguntei quem podia pedir, ela falou o tio Domingo, eu falei pode esperar. Falei com o Domingo e ele foi pronto. Marquei o di delle e escrevi pra ela. Entreguei a carta pra ele e falei primeiro entrega a carta para a Aparecida e pergunta a ela se pode pedir mas é para trazer a resposta. Lá o homem quando não aceita casamento ele fala que vai perguntar o burro, mas quero a resposta, mesmo que for do burro, a respeito foi para mim...(ilegível). No domingo seguinte eu fui a Guape, terminada a missi eu fui atender o chamado. Quando eu estava no Campo do Zé Baio encontrei o homem. Eu falei o senhor mandou falar pra mim e lá eu ia. Ele disse pode chegar as mulheres estão lá. Mas eu falei o que eu vou fazer com as mulheres, não revolve nada. Ele disse: eu vou aqui na Jacutinga e volto logo. Eu cheguei lá, jantei, eles querendo soltar a minha mula mas não deixei. Falei eu vou embora. Tarde da noite chega o homem. Entrou para dentro, conversei um pouco. Falei eu vou embora. Ele falou você não vai soltar a sua mula. Aí pousei e no outro dia cedo peguei a mula, arriei. Entrei la dentro para despedir. Não falei emcasamento. O homem quando viu que eu não falava, ele disse o negócio que você mandou falar nós vamos aceitar. Então eu vou (ilgeivel). Vou levar os nomes de todos, vou tirar a licença e a medida da aliança. Marcamos com o prazo de um mês. Eu fui em Pihumy fazer as alianças. Eles falaram com o Padre João, que mandou avisar que ia para Santa Catarina dia 25 e vai ficar um mês. Tinha que fazer o casamento antes dele ir ou depois que voltasse. O homem me perguntou o que eu queria, eu falei então fazemos antes dele ir, está tudo pronto. Mas tinha só quinze dias, foi nosso casamento dia 24 de julho de 1948. Ajustei o Vadinho Ávila par anos levar ao Pontal, num fordinho de mola de aço. Fui eu, aparecida, a Maria do Juvenal, com três filhos e o José do Antonio Evaristo. Foi pela linha até o Pontal. Depois desce a linha, segue pela estrada, foi até o Areião. Tivemos que chegar a pé. La tinha muita gente esperando. Meu pessoal também estava lá. Foi uma janta boa. Era em uma sexta feira. Posei três noites. Segunda feira d emadrugada nos fomos para a casa dos meus pais. Logo comecei uma casinha na beira do rio, perto da mina. Fiz a casa de adobe, de chão, quatro cômodos.

O Nascimento do Lau

Lá onde o Lau nasceu em um de junho de 1949.

....continua....breve....

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Um simples documento


Agora virou história. Para ler documento basta clicar sobre o mesmo.

A Conquista da Urca



Pela 1a. vez um membro da Familia AVILA subiu a Urca sem utilizar o Bondinho. Se é mais leve que o ar não sei mas que chegou lá, chegou o nosso atual Homem Aranha. Parabens Daniel.
Law

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Furnas - Parte II

Novas imagens de nosso lago

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Especial Furnas - A Travessia das Águas

Pessoal vale a pena ver este vídeo e conhecer um pouco mais de nossa história recente. Guapé que, ressurgiu das águas, já passou por poucas e boas. Bom divertimento.

domingo, 26 de outubro de 2008

1a. Corrida Posses - Pontal - CONVITE

Esta será a 1a. edição da "Corrida da Familia AVILA". O percurso tem aproximadamente 8 kms. A largada será defronte a igreja de Santo Antonio e a faixa de Chegada na entrada do campo de futebol da Pousada Zé Lau. Todos estão convidados. Acreditamos que todos aqueles que de algum modo praticam algum esporte, ainda que esporadicamente (futebol de vez em quando) têm condições de particiar dessa corrida. O importante será fazer o percurso e chegar. Cada um noseu ritmo. Será uma grande festa. Aqui está o convite. Idéias, dicas, sugestões serão muito bem vindas. Voluntários para a organização também. Temos, na família, a tradição de organizar grandes festas como os churrascos, bodas etc. Vamos lá garotada: vocês são indispensáveis. Temos dois meses de preparação, não percam tempo!
A DATA: LARGADA: 26/12/2008 - ÀS 17 HORAS
A expectativa é grande!

Convite aos membros da Familia AVILA

Aqueles que quiserem publicar imagens, videos, textos ou qualquer outro material da familia me informe. Exemplo aqui vai o das Bodas de Prata, a 1a. comemorada festivamente. Abraços

Guapé - uma história de vencedores

Conheça clicando no link a seguir:
http://www.grupoproguape.com.br/

sábado, 25 de outubro de 2008

1a. pagina do manuscrito de José Lau


Ele começou a fazer essas anotações no ano de seu falecimento, 2000. Todos nós, desde pequenos, ouviamos trechos dessa história. Agora estão reunidos nesse texto. São perto de 50 páginas manuscritas. Ninguém sabe exatamente quando ele começou a escrever estes textos. Nos últimos meses de 2000, um debilitado, mas ainda independente, ficava muito tempo em sua loja de produtos agricolas. Por lá tinha todo o tempo para refletir sobre sua vida e, num gesto generoso, nos deixa esses relatos, preciosos. Para ler a 1a. página ao lado, basta clicar nela.

Familia Avila

Este é o Blog da Familia AVILA de Guapé-MG. Neste espaço estarão sendo registrados eventos que dizem respeito a esta tradicional família da simpática cidade sul mineira: Guapé, aquela que ressurgiu das águas. Hoje a Familia Avila compõe-se de mais de 40 pessoas, sendo os progenitores José Augsto Avila (In memoriam - Zé Lau) e Maria Aparecida Avila. São 9 filhos, genros, noras e netos. Os primeiros registros do sobrenome Avila datam do século XI. Para mais amplos detalhes copie e cole o link abaixo em sua barra de endereços: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81vila_(apelido) Seja bem vindo, deixe seu comentário e obrigado pela visita.