sábado, 30 de janeiro de 2010

Livro do paipai - inédito (agora é o FIM))

José Rodrigues de Ávila – o primeiro dos AVILAs

Naquela época saiu da Espanha quatro irmãos e se espalharam para o Brasil. Um chamava JOSÉ RODRIGUES DE AVILA. Ele ficou trabalhando nas fazendas. Os outros três não sei do nome delles. Fora para o lado de Belo Horizonte, outro para o Nordeste. Todos que tem sobrenome Ávila no Brasil são descendentes desses quatro homens.
Este José Rodrigues de Ávila vivia trabalhando nas fazendas à roda de Guapé. O Capitão José Bernardes, não tinha família (filhos), só tinha uma filha adotiva. (Ela se ) chamava Conceição. Naquele tempo não usava namorar. Arrumaram o José Rodrigues de Ávila para casar com esta moça Conceição. O Capitão José Bernardes dotou ella com muita fazenda no Pontal, até o porto da Barra, até perto do Santo Antonio, até perto do Mundo Novo. Elle fez uma casa perto do Santo Antonio,lá chamava Campo do Meio. É onde morava o Augusto Lau. Esta casa era grande e era de chão, esteio de pau, a parede tinha dezoito palmos de altura, era barriada com barro, ripa de palmito e madeira toda de qualidade. O Augusto Lau morava nella. Eu conheci. O José Rodrigues de Ávila criou toda a família nesta casa. Tinha bastante filhos. O Augusto Lau era meu irmão. Era vizineto (bisneto) de José Rodrigues de Ávila. Tinha um quarto de fechar escravos, um outro elle guardava milho e outro era chiqueiro de porco. Nas paredes tinha aquelas cabaças de arapuá, abelha brava. Tinha um oratório feito de madeira de cedro muito bem feito, cabia uma pessoa em pé dentro delle, tinha as prateleiras de pôr os santos, tinha um mijolo (monjolo) perto d aporta da cozinha e mais para baixo o munho (moinho). Muita fruteira na horta. Na família do José Rodrigues de Ávila só tinha uma filha mulher, esta se chamava Bernarda. Eu conheci, já caducando. O meu avô se chamava Francisco Rodrigues de Ávila. Os outros filhos se chamavam Feliciço,pai da família dos Ciço,outro chamava Alberto, o pae da Tiluca do José Baio, o outro se chamava Aleixo,pae da Batista de varistão. Elles eramprimos. Outro se chamava João Rodrigues e era solteiro, morava junto com o Aleixo. O Aleixo, (em)vinha trazendo um carro de milho do Mundo Novo em(vinha) trepado na cabeçalho do carro Descendo a Capueira Comprida elle caiu na frente da roda do carro e morreu na hora. O candieiro (a pessoa que anda na frente do carro de bois) clocou elle em cima do milho e chegou em casa com elle morto. A mulher delle se chamava Dutra, a mãe da Batista. Passado um tempo a Dutra casou-se com o João Rodrigues. Criaram mais filhos. Elles eram cunhados. O outro filho do José Rodrigues se chamava Manuel e foi o primeiro sogro do meu pae. O outor filho do José Rodrigues se chamava Ozeias. Era vizavô da familia do mudinho do Campo de Aviação.
O José Rodrigues não deixava os filhos sair de casa nem aos domingos. La na Cava, onde morava o Braga, tinha um fazendeiro antes do Braga. Tinha uma tropa amansar, buro, mula. Elle arrumou um peão para amansar a tropa. Elle montava no burro e caía, montava de nov e caia. Falaram para o fazendeiro: lá no José Rodrigues tem um moço elle em aqui e desabusa esses burros. O fazendeiro mandou o camarada lá. Este peão era o nosso avô Francisco Rodrigues de Ávila. Ele falou para o camarada: se o velho(o pai dele) for para Guapé eu vou lá montar nos burros. O velho foi para Guapé elle foi. Chegando lá, veio a tropa para o curral. Elle pegou o mais bravo. Arreou e montou. O burro tampou a saltar. O fazendeiro falou par aos outros peões: vê o peão em cima. Elle continuou todo domingo e amnasou atropa toda. O José Rodrigues era muito importante no Guapé. Elle tinha umafilha que se chamava Bernarda. Casou com o Chico Gordo. Homem importante e bravo. Tinha umas festas no Arraial: novena da coroação de nossa Senhora. No fim da reza tinha leilão. No primeiro dia coroou a filha do Chico Gordo e não soltou foguetes. Elle falou: a festa vai ser de cerimônia, não tem fogos. No outro dia coroou a filha de outro homem. Tinha um carro de milho perto da porta da Igreja para ser leiloado. Na hora da coroação soltaram foguete. Quando fo guete subiu o Chico Gordo foi no carro de milho tirou um fueiro e disse: quero ver quem solta mais foguete. A festa vai acabar hoje. E acabou. Ninguém falou mais nada.
Elle plantou uma abacaxizal na horta,perto da estrada que ia para a Jacutinga. O pessoal estava roubando abacaxi. Um dia ele chamouum camarada, era preto e chamava Tobias. Era cumpadre delle. Levava um laço e amoitaram (escoderam atrás da moita). O Vitor Emerenciano e o Joaquim Martins, pe do Antonio Martins iam embora. O Vitor Emerenciano chamou o Joaquim Martins: vamos apanhar abacaxi? O Joaquim Martins disse: eu te espero la na frente, se tiver muito você leva um pra mim. O Vitor Emerenciano foi entrou no abacaxizal, foi apanhando e deixando com as mudas. Foi sair nos pés do Chico Gordo. Elle saiu da moita e apontou a espingarda nelle e falou: amarra elle, cumpadre Tobias. O homem tremendo de medo de morrer. Não fez nada. O Tobias amarrou elle no rabo da mula e o Chico Gordo disse:puxa cumpadre Tobias.Trela os abacaxis com as mudas todas e pôs na cacunda delle.E o Chico Gordo disse: puxa cumpadre Tobias. Elle tem qu elevar os abacaxis. Lá em Guapé -laía indo- e encontraram o Joaquim Bernardes,pae do Manoel Bernardes e doLindolfo. Elle com sua mula, ella chamava Guilhermina. O Joaquim Bernardes pediu ao Chico Gordo soltar elle. O Chico Gordo disse: não, puxa cumpadre Tobias. A mulher delle(do Joaquim Bernardes) pediu: solta elle, é moço..(ilegivel). O Chico Gordo disse: solta Tobias, agora falou gente viva(sic). Elle obedeceu o pedido da mulher e não obedeceu o pedido do marido. Elles tiraram as mudas de abacaxi. Elles levaram os abacaxis para casa. Meu pae contava que as mudas ficaram muito tempo na estrada. Este Chico Gordo era casado com a Bernarda, filha de José Rodrigues de Ávila e sogra do tio Mizael. Esta mulher eu conheci ela, caducando, morando com o Jucão pae do Lazinho Ávila .

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Livro do Papai - Ultima parte

O arraial era só da Rua Araúna para baixo. Acima era tudo mato. Havia umas casinhas no meio do mato e tinha que pegar o trilho para chegar até elas, onde o pessoal pousava.
Não tinha açougue. Eles falavam em corte de vaca. Era junto com a venda. O esteio de amarrar as vacas era na rua. O pessoal vinha ver matar as vacas, tirar o couro, que era espichado com vara de bambu. Os cachorros juntavam para lamber o sangue. Eles picavam a vaca e vendiam um pouco. Punham em um tabuleiro, saiam vendendo pra rua. O resto que sobrava, salgavam e secavam porque não tinha geladeira.
Minha mãe levava nós sempre nas festas do Congo e do Moçambique e na Semana Santa.
Meu pae tinha três camaradas que moravam conosco, um chamava Bernardo, o outro Ernestino e o outro Sebastião Mariano. Todos os três solteiros. Quando a gente ia nas festas, eles iam também, ficavam na casa da minha avó. Nós meninos, andávamos com os camaradas. Os meninos do arraial batiam nos meninos da roça.
Quando veio o primeiro carro, a gasolina era do Otavio da Duca. Um Fordinho de mola de Aço, pneu fino. Elles cobravam pra dar voltas. Os camaradas do meu pae arrumavam namoradas e pagavam pra dar voltas nos carros, no largo(na praça). Custava seiscentos réis. Entravam com a namorada no carro. Eu entrei também . Saia um, entrava outro. Aí eu fiquei. Entrou o terceiro. Fiquei dando muitas voltas no carro. Gostei muito. Quando eu fui pra roça, só ficava falando no carro: como ele fazia, como ele balangava muito, quando tinha gente na rua, ele fazia piu piu. A rua era escura, só iluminavam os faróis do carro.
No fundo do arraial tinha um ribeirão. O pessoal que vinha da Jacutinga, do Pontal, do Mundo Novo, da Pedra Branca passava dentro d´água. Quando trazia defunto no “bangüê”, o bangüê (de origem africana – observação do Law) era um pau amarrado por cima do caixão, pegava um na frente e outro atrás, quando atravessava o ribeirão e depois pegava em quatro pessoas para andar na rua.
Minha avó buscava paus para fazer lenha. Perto do cemitério morava meu tio(tio???), ele plantava abacaxi e colhia muito. Ele vendia e ficou com o apelido de Zé Abacaxi. Na horta ele tinha uma cova de bananeira nanica. Nesta bananeira deu um caxo muito grande, quando amadureceu. Ele cortou o caxo de banana e pôs na sala e abriu uma venda. Veio um homem comprou banana e gostou muito e falou pra ele contar as bananas. Eu vou levar tudo, ele falou. Elle disse: não posso vender tudo. Tinha que servir a freguesia.
O segundo carro quem comprou foi o Dr. Sano. Carro moderno. E fez a linha para o Capão Quente. Essa linha descia para os Penas até a ponte do rio Sapucaí, para ir pra Passos. Quem vinha de Passos para Guapé tinha que passar no Capão Quente. Esta linha foi feita toda no picarete. Antes o Dr. Sano andava de cavalo.
O terceiro carro quem comprou foi um fazendeiro das Posses, José Pereira. Era um fordinho de mola de aço e pneu fino. O homem que vendeu pra elle ensinou a dirigir. E levou o carro lá nos Penas, pela estrada de carro de boi. E elle todo dia treinava. Amarrava as porteiras do curral. E fazia todas as manobras mas não aprendia a frear. Um dia elle viu que estava bom no volante e elle mandou os camaradas subir nos estribos, um de um lado e o outro do outro lado e saiu pela estrada. Deu num lançante abaixo e elle não sabia frear e o carro pegou embalo. Os camaradas pularam fora. Elle parou numa cerca de arame e afundou num brejo e apagou. Elle saiu do brejo e disse que precisava de uma manivela. Foi preciso pagar para tirar o carro do brejo. FIM

((Em que data foi esta ultima anotação? – Não sei. O Papai anotou no alto dessa agenda a pagina “65”. O que sei é que tudo isso foi no ano 2000, o ano em que o papai nos deixou, o que acconteceu às 13h45 do triste dia 6.12.2000.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Livro do Papai - Sexta Parte

(Fotos de quadros pintados pela Mamãe - clique na foto para ampliá-la)









Em primeiro de junho (de 1949) nasceu o Lau, lá no mundo Novo. Em 10 de outubro de 1950 nasceu a Cleida, lá nos Rodrigues. Eu não estava em casa e quando me chamou lá no Mundo Novo, eu vim e encontrei a comadre Zica dando chá para ella. Em 26 de janeiro de 1953 nasceu a Clere, lá nos Rodrigues. Em 10 de agosto de 1954 nasceu a Nini, lá nos Rodrigues. Nasceu o Warley nos Rodrigues e morreu em Guapé com um ano e meio. Em 20 de dezembro de 1956 nasceu o Nero. Em 18 de março de 1959 nasceu a Teninha. Em 2 de fevereiro de 1957 morreu minha querida mãe. Morreu em Guapé. Meu pae nasceu em 22 de agosto de 1860 e morreu em 17 de março de 1950.

Minha mãe nasceu em julho de 1893 e morreu em 2 de fevereiro de 1957. Casou-se em 1910. Ela morreu em Guapé, na casa dela, na avenida dona Agostinha. Nasceu a Consuela em 28 de junho de 1961. Nasceu a Maria em 1 de agosto de 1965 e em 27 de outubro de 1967 nasceu o Valério.
A família Evaristo só agrada uma pessoa quando tem interesse.

No dia 4de abril de 2000 morreu a Mariana, esposa do José do João Lau. Eu fui ao enterro no Capitólio. Foi a Aparecida, a Clere e a Maria. O enterro foi às oito horas da manhã. Tinha muita gente Quando nós voltamos, para atravessar a balsa estava ventando muito. Chegamos em casa às onze e meia. Quando foi nove horas me pegou uma tosse e a pressão subiu, me deu falta de ar e pensei que ia morrer. A Clere veio pra me levar para o hospital, eu não queria ir, mas quando vi que não agüentava, aceitei. Entrei no carro, só eu e a Clere. Pensei que ia morrer dentro do carro. Entrei no hospital, tomei remédio a noite inteira. Voltei pra casa às nove e meia da manhã.
Eu conheci o Guapé quando ainda era vila.


Minha avó morava na rua principal, bem abaixo da praça, perto do ribeirão. Uma rua bonita, que pegava no ribeirão e subia em linha reta até o outro lado do arraial. A casa dela tinha a frente na rua e um terreno grande O fundo ia até o ribeirão. Meu avô (materno?) plantava de tudo na horta. Tinha milho, mandioca, bananeira. Fazia polvilho pra tratar de doente(?). O tio Avelino vendeu duas posses e ainda ficou grande e não deu nada pra minha mãe. Na frente da casa tinha um calçamento de pedra para cercar a enxurrada.


Quando subia carro de boi fazia muito barulho. Eu e o João Lau corríamos pra ver. A enxurrada corria esparramada na rua, não tinha sargeta, nem meio fio. Não tinha luz e as casas eram iluminadas com luz de querosene e aqueles mais ricos tinham lampião. Tinha duas igrejas que eram iluminadas com lanterna de azeite de mamona, feito em casa. Não tinha água encanada. Eles serviam(sic) com água de cisterna. Aqueles que não tinham cisterna serviam com água do vizinho. Os buracos das ruas eram consertados com picareta. Cada um cuidava da sua frente porque não tinha prefeitura. Não tinha privada, eles faziam um buraco, colocavam um caixote de madeira pra pessoa sentar.


Quadros pintados pela mamãe.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Alguns membros da familia AVILA em 2030

escrito em 17.1.2010Ontem encerrou-se o prazo para os palpites sobre quais eram as musas da FAMILIA AVILA com 20 anos a mais: transformaram-se em lindas vovozinhas(bizavozinhas!). Como não houve nenhum palpite acertado assim ninguem terá o direito de ver estampada aqui, a sua cara em 2030. Como sou o "dono" desse blog me dou o direito de colocar aqui a minha cara, em 2030, em uma foto em preto e branco. Observem até as covinhas são as mesmas, sem falar do olho, ah...os olhos. Estranho? Então vocês não viram o filme "O Curioso caso de Benjamin Button (corram antes que saiam de cartaz). Veja o Law em 2030, ao lado. Aqui oh...nessa foto!!!

Em 2030 é claro que seremos diferentes de hoje, mas como seremos? Precisamos levar isto em conta: só olhar na mãe pra ver como será a esposa às vezes engana. Aí vocês tem a cara de dois membros da Familia AVILA EM 2030. Quem descobrir terá direito em ver sua imagem daqui 20 anos. Boa sorte a todos. Aguardo as propostas.